Silicone X Linfoma
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20/08/2019 |
O Linfoma Anaplásico de Células Grandes (ALCL) associado a Implantes Mamários foi recentemente incluído na classificação da Organização Mundial da Saúde de neoplasias linfoides e tem se tornado uma preocupação para cirurgiões plásticos. São mais de 500 casos já descritos na América, Inglaterra e Austrália. No Brasil, ainda, nenhum caso foi relatado oficialmente até agora.
A primeira estimativa era 1 caso para cada 30.000 mulheres com prótese de mama, posteriormente estimou-se 1 caso em cada 500.000 mulheres com próteses, sendo que o ALCL já foi associado com todos os tipos de implantes texturizados. Na Austrália, um grupo de estudos propôs que alguns fabricantes apresentam um risco maior que outros.
Este linfoma foi relatado em 1985 por Stein et al, que o descreveram como um tumor de células grandes atípicas, com núcleos pleomórficos, nucléolos proeminentes, citoplasmas eosinofílicos e forte expressão do marcador de ativação CD30.
O ALCL Corresponde a um tipo de linfoma periférico de linfócitos T maduros, subtipo agressivo de linfoma não Hodgkin. Predomina no sexo masculino (em pacientes não implantados) e com dois picos de incidência: o primeiro na pré-adolescência e adolescência e outro por volta dos 60 anos. Ele inicia nos gânglios linfáticos e pode atingir a pele. Tem crescimento rápido e grandes chances de cura com quimioterapia agressiva.
Corresponde a cerca de 2% de todos os linfomas, sendo que possui 4 formas e somente uma delas está associada à implante mamário:
Linfoma anaplásico de grandes células ALK-positivo;
Linfoma anaplásico de grandes células ALK-negativo;
Linfoma anaplásico de grandes células associado a implante mamário;
Linfoma anaplásico de grandes células primário cutâneo.
Muitos pacientes, particularmente crianças e adultos jovens, apresentam translocações genéticas envolvendo a proteína ALK (anaplastic lymphoma kinase), o que induz o surgimento de doença linfoproliferativa. Essa translocação, quando presente, confere um melhor prognósitico à doença, e também se associa com as manifestações. Por exemplo, nos sistêmicos, há manifestação extracutânea e pode haver ou não translocações no gene ALK; no primário cutâneo, as manifestações são limitadas à pele e não tem relação com o gene ALK.
Clinicamente, um seroma tardio tem sido a apresentação mais frequentemente relatada. O diagnóstico definitivo do ALCL só pode ser feito por estudos imunohistoquímicos específicos do fluido em torno do implante.
A maioria das pacientes é tratada apenas com a remoção da prótese e da cápsula, sem a necessidade de quimioterapia ou radioterapia. Mesmo com o alerta de 12 óbitos relacionados a esta doença nos Estados Unidos e na Austrália, os índices de cura para ela são bastante altos, ultrapassando 90% dos casos, sendo que a mortalidade é de somente 2.5% dos casos.
A Sociedade Brasileira de Mastologia lançou em nota que não há necessidade de alarme em relação a riscos oncológicos ou em relação a outras doenças que possam ser provocadas pelas próteses mamárias. Segundo publicação, os dados apresentados já são conhecidos e considerados na hora de se prospectar um implante.
Segundo Jeff Shuren, um diretor da FDA, o risco de sofrer com esse subtipo de linfoma segue baixo mesmo entre as mulheres com silicone. Tanto que, afirmou em comunicado: “Não recomendamos remover a prótese com textura em pacientes sem sintomas por causa dos potenciais riscos”. Ou seja, não há motivo para pânico.